Exercícios de ser criança


No aeroporto o menino perguntou:
- E se o avião tropicar num passarinho?
O pai ficou torto e não respondeu.
O menino perguntou de novo:
- E se o avião tropicar num passarinho triste?
A mãe teve ternuras e pensou:
Será que os absurdos não são as maiores virtudes da poesia?
Será que os despropósitos não são mais carregados de poesia do que o bom senso?
Ao sair do sufoco o pai refletiu:
Com certeza, a liberdade e a poesia a gente aprende com as crianças.
E ficou sendo.

Manoel de Barros


Em busca de um nome



A Poesia e a Filosofia têm levado o ser humano a compreender a si mesmo e ao outro. A Poesia e a Filosofia têm levado o ser o humano a aprender com as crianças, os passarinhos, a ternura e a liberdade. As crianças também têm levado os adultos a compreenderem o movimento e os despropósitos da vida, a compreenderem a existência do devir. Devir, assim mesmo, um verbo no infinitivo.

Devir não é um substantivo que veio para nomear nada, rotular, marcar, mas para demonstrar a dinamicidade, o movimento, a essência do verbo no infinitivo.

Devir, cuja natureza não está vinculada a um tempo ou pessoas, mas está vinculado à potência. Potência individual, singular, do agora! Potência da infância!

Devir também é rizoma - uma metáfora da multiplicidade, em que não há hierarquias ou paradigmas, apenas a proliferação de pensamentos abertos, “[...]horizontalidade que multiplica as relações e os intercâmbios que dele se originam. A vida assim compreendida é um contínuo fluxo e refluxo, potência de interação e produção de sentidos” (LINS, 2005, p.1232).

Inspiradas por esses pressupostos e em busca de um nome para iniciar nosso projeto, compreendemos que o vocábulo devir traz em seu cerne nossas crenças, princípios e ideais acerca do trabalho que profissionais, principalmente da educação, podem e devem realizar. É preciso compreender a infância na figura da criança! Sujeito histórico, de direitos, múltiplo e pleno em potências e, sobretudo, devires: devir – criança.

E embora, neste caso, devir nomeie nossa proposta de trabalho, ele é utilizado tal qual a sua concepção filosófica.

Giane

Doutora em Educação pela Universidade de Sorocaba (Uniso), Mestre em Estudos Literários(Unesp), Especialista em Linguística do Texto e Ensino(UNESP), Especialista em Gestão Educacional, licenciada em Pedagogia e Letras-Unesp. Professora Universitária há mais de doze anos (Uniso e Esamc) nas áreas de linguagem e educação. Professora da Educação Básica do Município de Sorocaba - SP desde 2002, atuou também como professora formadora na Equipe de Alfabetização do Centro de Referência em Educação e como Diretora de Área de Gestão Pedagógica da Secretaria de Educação da Prefeitura de Sorocaba.


Giane Aparecida Sales da Silva Mota

Cris

Pedagoga e mestre em Linguagem e Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), há 20 anos trabalha com formação de professores nas áreas de Leitura, Literatura Infantil e Produção Cultural para a Infância. Iniciou seu trabalho com Literatura Infantil, participando do Projeto Laboratório de Literatura Infantil (FEUSP). Foi formadora de educadores no Projeto ADI Magistério, da Secretaria de Educação do município de São Paulo, e assistente de pesquisa na Fundação Carlos Chagas. Na Universidade de Sorocaba, além de lecionar nos cursos de Pedagogia e Letras, foi coordenadora dos cursos de Licenciatura. De 2013 a 2105, como assessora pedagógica, coordenou a implantação e implementação do Projeto Bebeteca e a reestruturação das Salas de Leitura da rede municipal de ensino de Sorocaba.


Maria Cristina Perez Vilas

O que fazemos



Sintonizada com as produções acadêmicas e pedagógicas, produzidas e publicadas no Brasil e em âmbito internacional, a devir oferece suporte técnico acadêmico às instituições educacionais e seus profissionais, bem como aos profissionais do magistério e demais profissionais interessados no tema infância, suas especificidades, e nos desafios da educação contemporânea. A devir também oferece, junto às instituições educacionais, a criação, de modo colaborativo e personalizado, de projetos pedagógicos.

Um dos aspectos fundamentais para assegurar a qualidade do processo educativo oferecido nas instituições educacionais é a valorização e o fortalecimento da docência, por meio da formação contínua e sistemática, que possibilita aos profissionais do magistério, entre outros aspectos: a) perceberem a formação como processo permanente e indissociável do trabalho; b) fortalecerem seu compromisso com a aprendizagem dos alunos; c) (re) construírem uma profissionalidade docente mais autônoma e reflexiva.

A devir acredita na possibilidade da construção de um trabalho colaborativo e consistente com as instituições parceiras, elaborado por profissionais qualificados de Sorocaba para Sorocaba.

missao
visao
valores

Objetivos



  • Promover a mobilização de saberes e experiências educacionais de profissionais de diferentes áreas, sobretudo, da educação;

  • Realizar projetos de educação continuada, visando a autoformação de profissionais da educação, e daqueles que se interessam por educação, com a oferta de cursos de longa e curta duração, palestras e grupos de estudos;

  • Organizar e gerenciar uma rede colaborativa de aprendizagem e discussão;

  • Criar colaborativamente, e de modo personalizado, projetos pedagógicos com instituições educacionais;

  • Assessorar o desenvolvimento de projetos políticos pedagógicos voltados para a questão da infância e seus desafios educacionais.

Tema



O tema norteador de todas as ações desta proposta é a infância. Do quintal de casa ao próprio corpo como um território de descobertas e possibilidades; da Terra do Nunca ou do País das Maravilhas à sala de aula, na escola; da rua e do parque aos gestos e rimas do Uni-duni-tê ou Tique taque carambola; do shopping, onde a criança aprendeu a desejar o mais novo vídeo-game, ao bilboquê que construiu sozinha, o universo infantil é vivo, dinâmico, carregado de desejos e perguntas.

E escolher a infância como eixo é uma forma de pensá-la em suas potências e possibilidades, em seus espaços de “morada”, em que se relaciona e interage com o outro (adulto/ e seus pares) e o mundo, vive experiências, constrói conhecimento e produz cultura.

Nesta proposta, compartilhamos a ideia de que a infância só se define como tal porque a criança carrega em si algumas marcas que a caracterizam, a diferenciam e, sobretudo, a constituem; marcas especificamente infantis de compreender e simbolizar o mundo, “inevitáveis e ricamente diversas do universo adulto”: a interação, a ludicidade, a fantasia e a reiteração.

Portanto, a pesquisa, a formação e a assessoria educacional pretendem valorizar a forte imagem do ser criança e, principalmente, a possibilidade do devir criança, tanto na escola, quanto na vida.

Logo, para compreender tais especificidades, torna-se fundamental analisar os atores responsáveis pelo processo educacional, verificando se eles estão conscientes desta pluralidade.